Persistência – a parte mais díficil

Criar um novo blog numa tarde livre e escrever uma duzia de posts nos primeiros dois meses é simples, mas persistir é a parte mais díficil.

Admito, há inúmeras coisas, inúmeros projectos, dos quais já desisti, outros que guardei numa gaveta, e a que voltei mais tarde. E alguns outros que deixei, meio que ao abandono enquanto a vontade é menos, enquanto o tempo aperta, enquanto outros projectos se tornam mais importantes.

Mas o principal problema de permitirmos que uns projectos se tornem mais importantes do que outros que temos a decorrer é que se permitirmos isso, a partir desse momento há sempre outros projectos mais importantes, e que vão acabar por ficar sempre antes de retormarmos o projecto que deixamos à espera que o projecto importante inicial terminasse. E qual era mesmo o projecto inicial? Ao fim de algum tempo já nem nos conseguimos lembrar de qual foi o projecto que retirou a prioridade ao projecto que até estava a correr bem, e que por isso deixamos durante algum tempo em auto-gestão.

E, claro, esse projecto que era inicialmente um dos projectos a que dedicavamos mais atenção, que era o nosso pet project (projecto de estimação), vai arrefecendo, vai-se tornando menos importante, e vai sendo abandonado por todos os que estavam envolvidos com esse projecto, da mesma forma que nós o abandonamos, em grande parte sem nos apercebermos disso.

É o caso do Web a Sério. Quando olho hoje para as estatísticas do Web a sério vejo claramente que ele é uma tímida sombra do que foi em tempos. Nos tempos em que estava claramente envolvido na comunidade Web em Portugal.

Mas se o Web a Sério é hoje uma sombra do que era noutros tempos, não é muito díficil encontrar dominios que foram abandonados e que hoje têm apenas publicidade, colocada lá para aproveitar o tráfego que o dominio ainda tem, principalmente à conta de a grande maioria dos sites nunca rever os links que cria, e assim manter links para dominios que já não existem, que deixaram de ser o que eram.

Mas, por outro lado, os projectos que se continuam a manter activos ao longo do tempo vão crescendo e vão-se tornando mais relevantes na comunidade de que são constituintes, em parte também devido ao facto de serem as referências que existem ao longo do tempo.

E, na verdade, essa é a parte mais díficil, manter um site activo ao longo dos anos, continuar a acreditar que o crescimento moderado de um site acabará, eventualmente, por fazer diferença, e que o site deixará de ser apenas mais um pequenos site no meio de centenas (ou milheres de outros). Acreditar que por cada conteúdo que se escreve, por cada nova página que se adiciona se está a acrescentar algo que irá interessar a alguém.

Muitas vezes é mais fácil ir jantar com os amigos, dedicar mais umas horas ao projecto que está atrasado, e que vai continuar atrasado porque foi mal planeado do que retirar 30 minutos por dia para manter activo o site, o blog no qual começamos a ter uma comunidade.

Na Web, a persistência acaba por compensar, em parte porque a quantidade de projectos que nascem e morrem (ou são simplemente abandonados) é tão grande, que a grande maioria deles nem sequer chega a ganhar credibilidade.

Isto é especialmente verdade quando estamos a falar de temas muito especificos ou de temas sobre os quais toda a gente fala.


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