Tenho estado a trabalhar num CMS para uma empresa de media tradicional, que publica várias revistas. Eles questionam-se como rentabilizar os respectivos sites, e isso levou-me a mim a colocar a mesma questão.
No caso dos meus sites, a questão nunca foi como ganhar dinheiro com eles, mas a verdade é que ao longo de vários anos dediquei muitas horas à construção de ferramentas, a pesquisa e criação de conteúdos, a criar e alterar o design dos sites.
E, claro, coloquei muito do meu dinheiro nestes sites, especialmente no registo dos domínios, acesso à internet e aluguer de servidores.
Hoje olho para os meus sites, cuja quantidade se escreve com dois dígitos, e para a lista de domínios que tenho registados, todos com óptimos projectos editoriais, mas pouco tempo para os implementar e colocar online, e percebo que tenho o mesmo problema que este cliente.
Claro que eu tenho um problema acrescido. Eles têm dezenas de pessoas a criar novos conteúdos todos os dias. Eu estou a solo e apenas o faço nos tempos livres.
Esqueçamos portanto os meus pequenos sites e concentremo-nos nas situações em que existe conteúdo e investimento para a sua criação, como este cliente, e como muitas empresas idênticas, como as centenas de revistas que existem não apenas no nosso país, como também no resto do mundo.
A maioria destas equipas editoriais está permanentemente vigilante a tudo o que de relevante se passa na sua área. Isto dá-lhes a oportunidade de criar conteúdos novos à medida que as coisas vão acontecendo.
Por outro lado, a maioria do tempo estas equipas estão concentradas em criar ou adaptar conteúdos mais profundos, que serão publicados nas revistas, em papel.
Por razões de espaço estes conteúdos são muitas vezes cortados, e publicados apenas parcialmente nas revistas, não sendo completamente incomum um artigo com 3000 palavras acabar por ser reduzido a 2000 por razões de espaço disponível na revista.
Estes conteúdos reduzidos são muitas vezes os que vão parar ao site. Esta é, no entanto, a versão errada para colocar online. A versão a colocar online deveria ser a versão original. Por alguma razão o autor escreveu originalmente mais texto.
Mas, dizem-me, assim ninguém vai comprar a revista, uma vez que os conteúdos estão todos online, e ainda mais completos.
Sim, é verdade. A menos que estes conteúdos estejam disponíveis apenas para quem adquirir a revista.
Mas, deverão todos os conteúdos estar disponíveis apenas para as pessoas que comprem ou assinem a revista?
Na minha opinião não. Os sites têm tudo a ganhar se alguns dos conteúdos estiverem disponíveis a qualquer pessoa.
Por um lado se alguns dos conteúdos estiverem disponíveis para toda a gente, é provável que com o tempo mais pessoas descubram o site, e consequentemente a revista.
Por outro lado esse conteúdos vão ser indexados pelos motores de pesquisa, o que vai trazer novos utilizadores ao site, tornando com isso a revista conhecida para esses utilizadores e potenciando com isso a aquisição de novos clientes.
Mas, então, que conteúdos disponibilizar e que conteúdos guardar apenas para os clientes da revista em papel?
Bem, penso que a segmentação dos conteúdos se poderia fazer em três grupos.
O primeiro é que conteúdos disponibilizar a todos os visitantes do site no momento da criação. Bem, este tipo de redacções todos os dias cria algumas noticias, por vezes dezenas de pequenas noticias, que são pouco mais que citações de outras fontes. Estes conteúdos ocupam por norma menos de 10 a 15 minutos por artigo.
Estes conteúdos, devido ao seu reduzido custo, penso que poderiam ser disponibilizados imediatamente, até porque a maioria deles nunca irá ser publicada de qualquer das formas.
Restam com isto os artigos que implicam mais pesquisa, mais longos, mais elaborados, independentemente de virem a ser publicados na revista ou não. Na minha perspectiva estes conteúdos devem estar disponíveis apenas aos clientes da revista. Esta é a forma de incentivar a compra da revista, ou a sua assinatura.
Se os artigos são publicados na revista aparecem online apenas algum tempo depois de a revista estar nas bancas (ou ser enviada aos assinantes), se não forem publicados em papel ficariam disponíveis online imediatamente para todos os assinantes.
Mas, tanto num caso como noutro, deverão os artigos estar acessíveis apenas aos assinantes eternamente?
Penso que não. Penso que se poderão criar ainda dois intervalos de tempo distintos. Afinal de contas, depois de ser publicado um número de uma revista já ninguém mais vai comprar o número anterior, pelo que os conteúdos do mês anterior poderiam ser rentabilizados de outra forma, sem com isso afectar a venda da revista.
Como? Criando um sistema de assinatura online, em que os assinantes desta forma possam pagar para ter acesso a um artigo em particular, ou por um período de tempo (um dia, um mês, um ano?), a todos os conteúdos premium que tenham mais do que a idade de uma (ou duas) edição em papel (no caso da revista mensal, um mês – ou dois).
Assim, supondo que tenho interesse pela área da revista, mas não sou um profissional da área, pelo que não preciso de ler as reportagens no mês em que são escritas, apenas quero poder ir ler alguma informação da área de vez em quando, posso subscrever a assinatura online. Ou se sou estudante e quero aceder a uma reportagem especial que fizeram há alguns meses, posso aceder a ela desta forma, por um valor muito mais reduzido que o custo da assinatura da revista.
Mas, e ao fim de um ano, ou dois, esta informação ainda é relevante? Bem, historicamente tudo é importante. Mas será que ainda alguém vai pagar para aceder a conteúdos tão antigos? Provavelmente não.
Por isso, em determinada altura esses conteúdos podem ser libertados para serem acedidos de forma anónima, para que qualquer utilizador os possa ver. Desta forma promove-se a qualidade dos conteúdos da revista, permite-se aos motores de pesquisa indexar mais conteúdos do site, o que ajuda a dar mais relevância ao mesmo, e a fazer com que ele apareça em mais pesquisas relacionadas com a sua área de actividade.
E claro, colocar publicidade no site também ajuda, pois permite rentabilizar o tráfego de todos os artigos, mesmo daqueles que estão disponíveis para toda a gente.
Se o site tem pouco tráfego pode oferecer-se esse espaço aos anunciantes da edição em papel, mas sempre fazendo ver que é uma oferta, uma promoção, e não algo a que eles terão direito sempre que anunciarem na edição em papel, porque quando o site tiver mais tráfego poderemos querer vender esse espaço, e os nossos anunciantes habituais são os primeiros potências clientes da lista.
Mas, dizem vocês, isso é possível com os assinantes, mas e as revistas que são vendidas nas bancas, como permitimos que as pessoas tenham ainda assim acesso à versão estendida desses conteúdos?
Bem… eu tenho algumas ideias, e você? E têm alguma ideia melhor para rentabilizar este tipo de sites?